Caso Gritzbach: Veja como a PF prendeu a mulher de policial ligado ao PCC

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Danielle Bezerra dos Santos, 29, viúva de ex-integrante do PCC (Primeiro Comando da Capital) e atual mulher do policial civil Rogério de Almeida Felício, 46, um dos delatados por Antônio Vinícius Gritzbach, era procurada desde 28 de fevereiro deste ano, mas nunca saiu de seu endereço.
Ela estava com prisão preventiva decretada e morava na casa 1 de uma rua na Vila Carrão, zona leste de São Paulo. A Polícia Federal tinha ordem judicial para prendê-la e chegou a cumprir mandados de busca e apreensão no local. Os agentes, porém, não a encontraram.
A PF recebeu de um anônimo a informação de que Danielle estava escondida na própria casa. Na última terça-feira (3), o juiz Paulo Fernando Deroma De Mello expediu um novo mandado de busca e apreensão no mesmo endereço, na casa 1.
Os federais foram ao local e apuraram que uma janela da casa 1 dava acesso à casa 2, um imóvel desabitado. Na quarta-feira (4), o magistrado De Mello, da 1ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores de Capital expediu um terceiro mandado.
Telefone celular ligado
A busca dessa vez foi na casa 2. Os agentes encontraram um telefone celular Iphone, modelo 14, ainda ligado, deixado no telhado, perto de uma caixa d´'água. Danielle estava escondida em um dos cômodos da residência. Ela não resistiu à prisão.
Todas as vezes que os policiais chegavam para cumprir os mandados, ela pulava da casa 1 para a casa 2 e deixava um casal de filhos com a babá. A funcionária também foi detida pela PF. Ela alegou que não sabia que a patroa era foragida, mas tinha conhecimento de que Rogerinho estava preso.
Segundo investigações da Polícia Federal, Danielle movimentou R$ 7,4 milhões em suas contas entre 2018 e 2023. Ela e o marido foram denunciados pelo MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo) por lavagem de dinheiro. Ele está recolhido no Presídio Especial da Polícia Civil.
Rogerinho, como o agente é conhecido, e outros seis policiais civis —um delegado e cinco investigadores— foram delatados por Gritzbach por envolvimento com corrupção e com integrantes do PCC. O delator foi assassinado em novembro de 2024 no aeroporto internacional de Guarulhos.
Ex-marido era do PCC
Danielle foi mulher de Felipe Geremias dos Santos, o Alemão, integrante do PCC. O casal viveu junto no período de 20 de outubro de 2017 a 17 de junho de 2019, quando Alemão morreu. A PF diz que ele era um dos principais gerentes do tráfico de drogas do PCC nas cidades de Santo André e Mauá, na região metropolitana, e São José dos Campos, no Vale do Paraíba.
Agentes federais apuraram que Alemão foi o responsável, nessas regiões, por uma arrecadação mensal estimada em R$ 400 mil, obtida por meio de atividades criminosas, como o tráfico de drogas e também lavagem de dinheiro.
Danielle —continua a Polícia Federal— tinha ainda uma clínica médica em sociedade com Rogerinho. A empresa denominada DB, em referência às iniciais do nome dela, movimentou R$ 15.399.153,64 entre os anos de 2020 e 2024.
A clínica foi adquirida pelo casal em 2021. Porém, em registro formal, marido e mulher possuíam apenas 50% do capital. Já no ano seguinte, os dois adquiriam a empresa de saúde por completo. De acordo com a PF, "um valor considerável da movimentação da clínica não é passível de identificação".
Policial também movimentou milhões
A mesma investigação da PF constatou que Rogerinho, como pessoa física, registrou uma movimentação financeira no valor de R$ 9.266.187,96 entre os anos de 2018 e 2024.
Além de Rogerinho, estão presos preventivamente o delegado Fábio Baena Martin e os investigadores Marcelo Marques de Souza, o Bombom, Marcelo Roberto Ruggieri, o Xará, Valdenir Paulo de Almeida, o Xixo, e Valmir Pinheiro, o Bolsonaro, todos delatados por Gritzbach.
Gritzbach também delatou o advogado Ahmed Hassan Saleh, o Mudi, e os empresários Ademir Pereira de Andrade e Robinson Granger de Moura, por envolvimento com o PCC. A exemplo dos demais, os três também estão presos e foram denunciados à Justiça pelo MP-SP
A reportagem não conseguiu contato com o advogado de Danielle Bezerra dos Santos. O espaço continua aberto para manifestações. O texto será atualizado caso haja um posicionamento dos defensores dela.
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